Uma Intro ao(s) Anarquismo(s) Via Filmes Não Anarquistas, por cIn’sUrg[E]nt[E]

UmA IntrO ao(s) AnArquIsmO(s) via filmEs nÃo AnArqUIstAs

cIn’sUrg[E]nt[E] | (A)fIlmEs, inverno, 2017

intro:

esta é uma primeira série de exercícios políticos de desobediência audiovisual. exercícios para a discussão de problemas fundamentais ao(s) anaquismo(s) e ao/à(s) punk(s). mas problemas especificamente relacionados ao jeito como a gente vê as representações que fazem do mundo. qualquer pessoa insurgente pode fazê-los. os filmes não serão aqui utilizados para ilustrar ideias anarcas anteriores. os filmes serão aqui usados para nos provocar sobre como os assistimos. e toda essa provocação tem como finalidade a construção coletiva de uma política anarquista e punk de assistir filmes.

exercício 01: olhos anarquistas e punks

quando a gente gosta de algum filme comercial não anarquista, não estaríamos contribuindo para a sobrevivência do cinema capitalista? e se o tema do filme for a favor do anarquismo? a gente não estaria validando a fabricação de produtos de entretenimento, com temas anarquistas, para que sejam vendidos como mais um produto no mercado das ideias? o que fazer? nos resta apenas sentir culpa? ou, vergonha? e ai, esconder da companheirada anarca que vc gosta deste ou daquele filminho maldito?

felizmente, somos contradições que desejam ser superadas. felizmente, em nosso meio anarquista e punk, damos porrada em nós mesmxs, para evoluirmos, tanto como pessoas quanto como grupo e cultura. e assim, quando assumimos um tipo de identidade política e existencial, isso significa que é a maneira que escolhemos para pensar tudo o que o ser humano faz. nossa opção é pensar o modo como queremos levar nossas vidas. e o modo como a gente quer levar nosas vidas é rebelde, desobediente e insubmisso.

e assim, em rebeldia, em desobediência e em insubordinação nossa política de pensar age sobre nosso modo de agir, e vice-versa. e podemos chamar esse círculo de insurgência. mas ele não está parado. ele está sempre em movimento. e é nesse movimento insurgente que nossos gostos são transformados, construídos, reafirmados e até destruídos. pensamos, agimos e gostamos insurgentemente. mas, tudo isso vai bem, até que, nos sentimos traídxs pelos nossos olhos. assim, de repente, vemos coisas que estão fora do movimento de nosso círculo insurgente, mas que sentimos uma forte atração por elas. o que isso significa?

bom, a gente arrisca uma resposta: significa, o modo como olhamos as coisas. e mais, assim como nós escolhemos um pensar e um agir político, também podemos escolher um olhar político. mas não é qualquer escolha, como aquela que alguém faz em um supermercado, ou em um self-service de políticas. é uma escolha mais profunda. igual a que escolhemos antes em sermos anarquistas e punks. sim, aqui escolhemos criar e recriar nossos olhos como profundos olhos anarquistas e punks. o que não é fácil. já que toda a indústria do entretenimento já os vem deformando desde que nascemos. é contra essa deformação que sentimos a mais profunda necessidade de recuperar nosso olhar e colocá-lo também dentro do movimento de nosso círculo insurgente. pois, se nossos olhos estão se movimentando ali dentro, conseguimos pensar, agir, desejar, gostar e ver insurgentemente.

agora surge o nosso primeiro desafio para nossos olhos: reconhecer que tipo de observadorx somos. e para isso sugerimos o seguinte exercício fílmico:

  1. com a questão na cabeça “se os olhos nos são as “ferramentas” que nos fazem ver o mundo, como os utilizamos?”

  2. assistir os filmes: BLOW-UP (1966) de Michelangelo Antonioni, e PEEPING TOM (1960) de Michael Powell.

então é isso, assistam aos filmes, com aquela questão na cabeça, e depois voltamos pra trocar ideias aqui. boas reflexões para vocês.

abração, saúde e desobediência audiovisual!

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