Como o anarquismo não tem uma proposta fechada de organização social, não possui também um objetivo final a ser alcançado como um paraíso libertário, mas sim um processo de transformação a ser construído cotidianamente.
Sua prática em direção à construção de sociabilidades mais livres se dá no aqui e agora: na eliminação do poder autoritário presente nas relações sociais, no respeito às singularidades e individualidades e na produção social autogestiva.
Dessa forma, a anarquia só poderá emergir a partir de uma pluralidade de auto-governos inscritos em comportamentos individuais e coletivos.
A vivência libertária acontece na construção de uma nova ética nas relações pessoais e sociais, em que a dominação seja substituída pela solidariedade. Isto tem que ser feito não no futuro, quando o autoritarismo acabar, mas sim a partir de agora, no dia-a-dia das pessoas. Qualquer mudança na sociedade só é possível se for feita de baixo para cima, nunca ao contrário, imposta por um governo, mesmo que este se autodenomine “socialista”.
Sobre nosso convidado:
Mário Rui Pinto é um ativo anarquista português, editor por muitos anos da Revista Utopia. Atualmente, coordena a Editora Barricada de Livros