Ocupa Brasília 24 de maio

“Uma manifestação que estava prevista como pacífica degringolou para a violência, vandalismo e desrespeito, agressão ao patrimônio público, ameaça às pessoas, muitas delas servidores que se encontram aterrorizados, que nós estamos garantindo sua evacuação”– Ministro da Defesa

Ocupa Brasília: movimento nacional, um chamado de críticos ao governo do presidente Michel Temer, críticos as reformas trabalhista e da previdência. Ao menos estas foram as reivindicações oficiais. Organizado por reformistas e esquerdistas de todas as laias.

É notório que nos protestos, nas broncas generalizadas na rua contra todas as faces da dominação e suas mazelas, a resistência de baderneirxs, a ofensiva de vândalxs tem se tornado realidade aguerrida, presente, preparada. Aos seres que abandonaram o papel de cidadãos e se articulam como inimigo da autoridade, do estado, do capital e seu ritmo suicida de progresso as cenas e vivências de desafio ao poder nestas jornadas são entusiasmantes, simbólicas, desordenadas, caóticas, inesperadas, e tão belas… como ver o Ministério da Agricultura, aquele antro do agronegócio, saudado com as chamas da revolta envolto na fumaça negra do incêndio.

A deriva na crise política total reformistas insistem em defender as instituições, o poder e a própria forma de domínio atual a democracia! Garantias de privilégios ou migalhas, medo do desconhecido…

Aparentemente o mega protesto esquerdista reformista, de orientação pacifista, tinha por fim seus propósitos afastados “do enfrentamento, da depredação, do saque”. Naturalmente os desejos dos seres não cabem nos programas de partidos e conchavos de sindicatos assim que a “inteligência da polícia identificou e avaliou que haviam 500 incontroladxs”. “Baderneirxs”, “Black Blocks” e outros “grupos de vândalxs” !!!

Dando explicações, as forças da ordem, que anunciaram contingente de 1,5 mil pau mandados, garantiram que previamente haviam realizado barreiras, revistas e apreensões recolhendo “materiais potencialmente ofensivos”. Milhares vindos de ônibus de todas partes do Brasil se concentrarão na Arena Mané Garrincha e marcharão com carro de som como manada em direção ao Congresso Nacional. A confusão começou por volta das 14h, quando “incontroladxs” furaram o cordão de revista policial, montado pela Polícia Militar entre a rodoviária e a Esplanada dos Ministérios.

Daí em diante se desatou: “O horror na esplanada!!!” “Manifestantes mascaradxs, depredação, pixação, barricadas, desordem, violência.”

Um organizador avalia:

“Vai ser um dia de uma batalha campal, com muita dificuldade de fazer um ato político ou encerramento”

Do carro de som pedindo paz reprovarão os mascarados, os apontando e tentando coagi-lxs, alertando seu rebanho.

“Fogo, pedras e tiro.”

Em meio aos enfrentamentos dois policiais militares sacam suas pistolas, próximo ao ministério da agricultura, e disparam contra manifestantes usam ainda tapumes que foram arrancados das vidraças dos ministérios como escudo.

Um participante do protesto foi internado após levar um tiro no rosto (perfuração no maxilar), a bala se inseriu próximo a carótida, seguia internado em estado grave, sedado e respirando por aparelhos até a tarde de 25 de maio.

“A Polícia Civil investiga se o caso tem relação com o episódio envolvendo os policiais.”

Em seu sadismo por cumprir suas ordens as forças repressivas são capazes de tudo espancar, mutilar, matar. E como tem ocorrido não poucas vezes, uma pessoa na manifestação foi atingida no olho por bala de borracha.

Lamentamos que o rojão que um mascarado portava explodiu em sua mão lhe custando três dedos e não tenha estourado no ouvido de um agente. Força guerreiro!!!

A destruição se espalhou pelos andares térreos dos ministérios com apedrejamento, destruição do mobiliário e materiais burocráticos, iconoclastia, incêndios… dos ministérios que amargaram a vingança… Agricultura, Cultura, Trabalho, Turismo, Integração Nacional, Saúde, Fazenda, Planejamento e Minas e Energia. A Catedral de Brasília e o Museu da República, também foram alvos. Se generalizou o enfrentamento.

As 15h30 a Globo News transmitia ao vivo as imagens da esplanada em Brasília, o coração das sedes dos ministérios, com o destaque para a coluna de fumaça negra e incêndio no andar térreo do Ministério da Agricultura.

“O ministro da agricultura Blairo Maggi estava em reunião com a equipe do Ministério quando vândalos atearam fogo nas instalações e precisou deixar o local as presas.”

A atuação tramada neste prédio devasta a vida em geral em toda a magnitude do território dominado pelo estado brasileiro e além. Aí se investe em dominar territórios, sementes, patrocinar saques revestidos de desenvolvimento sustentável, tudo elaborado com consciência ecológica. Através das ações agraciadas neste reduto biomas são devastados, culturas nativas exterminadas, os casos são absurdos do Mato Grosso ao Pará, do Rio Grande do Sul ao Acre e de um canto para outro qualquer. O Ministério do Agronegócio é nocivo a tudo que é vivo!

As zonas de conflito se proliferaram sendo o confronto com as forças da lei e da ordem ininterrupto. A profanação dos covis onde tramam e regozijam suas atividades provocou a evacuação dos prédios dos ministérios. Receosos parlamentares atrincheirados em seu covil pedem mais forças repressivas.

Em meio a esta “barbárie” de “quebra-quebra” com “risco de invasão ao congresso”, “pondo vidas em risco”, sendo o “poder local incapaz de manter a ordem”, o Presidente Michel Temer atendendo uma sugestão para”restabelecer o respeito a vida”, a “garantia da lei e da ordem”, a “defesa das instituições” contra a “depredação , violência, baderna, desordem”, pois “não há justificativas para violência”, afinal “na democracia não há espaço para violência”, convoca as forças armadas.

17h10 – Decreto de Temer sobre uso de Forças Armadas é publicado em edição extra do Diário Oficial .

Pouco antes das 18h os militares com poder de polícia estavam nas ruas. Os enfrentamentos se estenderam até o entardecer com o sol vermelho do fogo das barricadas.

O prejuízo de 1,4 milhão com danos ao patrimônio na esplanada, mais que danos materiais formam agora parte dos impulsos que se desatam destas jornadas de enfrentamento contra o poder. Os parlamentares choram que “os prejuízos tem que ser cobrados”, “penalizados penalmente”, o estado”ressarcido”. O ministro da defesa ordena “pericia em todos os locais onde houve atos incompatíveis com a democracia”. Aposta na identificação, individualização dos atos para alcançar bater com seu martelo. O capuz é sempre nosso amigo! Se encapuzar, trocar de roupas, causar dano e se ocultar.

E o presidente brada: – “dentro da constituição tudo fora da constituição nada!”Um general de plantão se justifica alegando que tá tudo na constituição e tal artifício já havia sido usado quando dos protesto do leilão de libras no Rio de Janeiro, nas greves policiais de Recife e Espírito Santo, nas Olimpíadas e na Copa. Deixam claro que se esforçam por ampliar e normalizar a possibilidade de uso das forças armadas para conter o que ameace o estado, o governo de plantão.

No dia seguinte o presidente revoga extraordinariamente o uso das forças armadas que estava acionada até 21 de maio. As 11h é acionado o esquadrão antibombas da Polícia Federal para atender ao chamado do Ministério do Trabalho que recebeu uma ameaça de bomba no 9º andar. O prédio é evacuado assim como o prédio do Ministério da Fazenda. Os policiais vasculham e nada encontram. Tudo se normaliza e a máquina volta a girar. Porém nada já era como antes.

Pela propagação das iniciativas de confronto ao poder e fomentação de autonomia.

Donos de nós mesmxs.

* Estas linhas foram escritas se valendo de palavras de ministros, senadores, deputados, manchetes de jornais e outras autoridades não por nós reconhecidas.

agência de notícias anarquistas-ana

A sensação de tocar com os dedos
O que não tem realidade –
Uma pequena borboleta.

Bu