DOC | O Punk Morreu?

O Punk Morreu? (18min., 2008)

“O Punk Morreu?” é um curta-metragem que discute a questão da comercialização da estética e da música punk. Através de imagens, depoimentos e colagens de vídeo, o curta apresenta o que seria um “punk vendável e consumível”, contrapondo esta construção com a visão do punk que se aproxima da contra-cultura, do questionamento social e da ação direta.
Uma produção punk faça-você-mesm@!

Assista no youtube:
parte 1 –

http://www.youtube.com/watch?v=v18tDGs9mlo
parte 2 –

http://www.youtube.com/watch?v=H0N6XOCkR-w

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O Punk morreu ? – Reflexões sobre o Filme
Ao nos depararmos com um “punk” produzido pela grande indústria cultural, comercializável, disponível nas melhores lojas e exposto em belas vitrines para desfrute de jovens conformados da classe média, nossa resposta é afirmativa: Sim, o punk morreu.
Talvez não seja necessário perder muitas linhas pensando sobre como a estética e a música punk foram absorvidas ou sobre como tudo isto se tornou altamente lucrativo. Fato é que diversas movimentações contra-culturais e de contestação juvenil que surgiram no decorrer dos tempos sofreram de forma semelhante ao serem transformados em mercadorias produzidas em escala industrial.
Mas o punk morreu mesmo? Pergunto de novo.
Podemos encontrar uma resposta negativa se nossos olhos estiverem voltados para outra direção.
A motivação que levou à realização do curta-metragem “O Punk Morreu?” foi exatamente a de discutir o punk que, para além de vivo, permanece ativo, criativo e contestador, aproximando-se do questionamento social, da ação direta e do anarquismo. O punk que, longe de ser apenas uma forma específica de se vestir ou um estilo musical, nasce da realidade das periferias e da necessidade de lutar.
Desde seu surgimento, os punks fizeram uso de diversos meios de expressão para exteriorizar sua revolta, suas críticas ácidas e seu desejo por liberdade: palavras escritas, musicadas, gritadas, e um sem número de expressões visuais, artísticas e políticas. A idéia de utilizar o audiovisual como meio de expressão de nossas idéias, reflexões, discussões, sentimentos e questionamentos não é nova. Porém, é fato que as produções audiovisuais são geralmente vistas como caras, requerem aparelhagem de difícil acesso, e por aí vai, o que certamente fez com que até hoje tenhamos feito pouquíssimo uso do vídeo.
Ainda assim, sem que tivéssemos aparelhagem, conhecimento técnico e até mesmo dinheiro a disposição, o processo de concretização deste curta acabou por nos mostrar, na prática, a possibilidade de produzirmos vídeo com poucos recursos. Foi feito com o que tínhamos em mãos e com o que pudemos aprender por nós mesm@s no que se refere à edição, fotografia, etc. Instigou-nos ainda mais a seguir em frente e conspirar novas produções.
Duas das três pessoas diretamente envolvidas na produção do curta, que contou ainda com a participação ativa de outros integrantes do Movimento Anarcopunk de São Paulo, desenvolveram um projeto anterior com o Centro de Cultura Social (CCS-SP) chamado Cinema e Anarquia, que contava com exibições de filmes e documentários seguidas de debate.
Essa experiência só fez crescer a percepção de que o vídeo pode ser um ótimo gerador de debates, reflexões individuais e coletivas, e, ainda, propulsor de práticas e ações. Melhor ainda se, além de exibir, pudermos produzir nossos próprios vídeos, instigar aquel@s que vêem e sentem estes vídeos com nossas idéias, anseios e propostas.

O curta-metragem estreou em outubro de 2008, mês em que foi exibido no Festival de Curtas de Atibaia/SP, no Dia de Contra-Cultura Punk (Centro Cultural da Juventude – São Paulo), e no DIY Fest (Espaço Impróprio – São Paulo), e rendeu bons debates após as exibições. Estamos conspirando novas produções, e outr@s anarcopunks têm também feito uso do vídeo, criando documentários, vídeo-poesias, e tudo o mais que a imaginação e a criatividade anarquista puderem gerar…!

por Marina Knup

do blog Mídia Rebelde