* panfleto distribuído durante a Jornada Antifascista de 2015
No dia 06 de fevereiro de 2000, Edson Neris da Silva passeava de mãos dadas com seu companheiro na Praça da República. Edson tinha então 35 anos, e trabalhava como adestrador de cães. Aquele poderia ter sido um passeio qualquer, mas ele não conseguiu sair vivo dali. O motivo? Um grupo de mais de 30 skinheads “Carecas do ABC” os identificou como um casal homossexual, e foi pra cima deles para fazer valer de forma violenta suas convicções homofóbicas e intolerantes. Seu companheiro conseguiu escapar, mas Edson não teve a mesma sorte e foi espancado até a morte por dezenas destes indivíduos fascistas a chutes e golpes de soco inglês, sofrendo hemorragia interna e múltiplas fraturas. Edson foi assassinado por ser homossexual.
Sua morte brutal teve grande repercussão tanto na imprensa quanto nos movimentos sociais de luta por direitos humanos. Poucos dias depois, centenas de pessoas se reuniram na Praça da República para uma vigília em sua memória, que teve presença de diversos movimentos LGBT, anarcopunks, libertárixs e entidades diversas. Na ocasião, 18 skinheads foram presos e reconhecidos como autores do assassinato. Porém apenas 3 foram condenados, e atualmente estão todos na rua. Naquele ano o Movimento Anarcopunk iniciou também uma série de ações em memória de Edson Neris, dando forma ao Fevereiro Anti-Fascista, que ano após ano tem sido organizado para relembrar sua morte e denunciar publicamente os casos de tantas outras pessoas que são cotidianamente vítimas do racismo, homofobia, lesbofobia, transfobia, machismo, sexismo e intolerância fascista.
Em 2015 Edson completaria 50 anos de idade, se sua vida não tivesse sido interrompida pela homofobia violenta destes grupos que seguem ainda hoje agindo nas ruas. E para além de relembrar sua morte, é essencial nos darmos conta da importância de que sigamos juntxs nessa luta, para que os inúmeros casos como o de Edson parem de se repetir, seja em agressões violentas nas ruas, seja em outras situações de discriminação em ambientes institucionais, políticos, de trabalho, estudo, lazer, etc., onde diariamente pessoas sofrem por sua orientação sexual, gênero, raça, etnia, nacionalidade ou região de origem, classe social, dentre outras que não se encaixam no padrão branco, heterossexual, patriarcal e elitista que é imposto a todxs nós. Este panfleto é uma pequena expressão de memória a Edson Neris, que a cada ano fazemos com que siga presente entre nós, numa luta constante contra o fascismo em todas as suas expressões!
Movimento Anarcopunk de São Paulo – MAP/SP
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