Entrevistamos a banda anarcopunk Conflicto, de Lima/Peru, que também leva adiante a Organização Anarcopunk de Lima (Orgaplima), e nos falaram um pouco sobre os projetos e idéias da banda, um breve histórico da cena anarcopunk por lá, momentos de decadência e perspectivas, suas visões sobre a rede de contatos anarcopunk internacional, punk na América Latina, e outras idéias…

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Anarcopunk.org | Olá kompas! Falem um pouco sobre como está atualmente a cena anarcopunk no Peru! Que movidas estão rolando, projetos, coletivos, bandas e outras produções interessantes que possam nos contar.

Orgap-Lima / Conflicto | Começamos falando que não há uma cena anarcopunk propriamente dita, com laços, perspectivas, trabalhos conjuntos, um circuito de agitação, projetos futuros, trabalhos de intercomunicação com outras localidades e demais características que caracterizam uma cena dissidente. Quanto a isso é evidente uma cena baseada na luta coletiva quase nula.

Houve um período de efervescência do movimento anarcopunk desde meados dos anos 90 no Peru e em muitas partes do mundo, com expressões de trabalho conjunto como coletivos, bandas, publicações, distros, centros sociais, bibliotecas e individualidades que se reivindicavam enquanto anarcopunks, em que se realizou muitas atividades relevantes no percurso de seu desenvolvimento e luta contra esta ordem de classes. Aproximadamente entre os anos 2004-2005 este movimento foi decaindo por muitos motivos para além da radicalidade fundamentalista, o nihilismo, os guetos e a falta de perspectiva de ir além do pouco e honesto, porém consciente, que se tinha conseguido, para passar a assumir uma responsabilidade de compromisso, ação, organização e unidade política. O próprio movimento não teve a iniciativa de formular uma crítica quanto ao ocorrido de forma aberta, não houve um debate coletivo para compreender estes pontos, refletir criticamente e poder avançar ante aos acontecimentos que se desenvolviam na sociedade que poderiam levá-los, como dizia no zine #15 “Buscando Un Camino ‘a la miseria del movimiento anarcopunk’.

É a partir de fins de 2004 aproximadamente que se começa a decair, e tudo o que foi construído desaparece; bandas, coletivos, publicações e outros projetos de contra-informação, e além disso muitxs indivíduos e coletivos deixam de se dizer anarcopunks, para se dizerem “punk a secas” ou “autônomos”. Desde então, entre rupturas, desilusões, afastamentos, mediações, desaparecimentos, retiradas, aborrecimentos e muitxs renegando os ocorridos… nasce em 2006 o coletivo Emancipación Social que logo formaria a ORGAPLIMA (organização anarcopunk de lima) em 2007, com algumxs integrantes que participavam do extinto coletivo Axion Anarkopunk e outrxs jovens do coletivo Anarcopunk del Sur e individualidades de diversos lugares de Lima, com ânsias de seguir lutando sob uma identidade de luta. É este último coletivo, a Orgaplima, que foi uma espécie de coordenadora no início, mantendo desde essa época a reivindicação do anarcopunk – o único, ao que parece, porque não conhecemos e nem conseguimos contactar outrxs compas de Lima e fora de Lima. Mas com isso não nos consideramos a totalidade nem a minimalidade da contracultura, somos apenas um projeto ativo na atualidade que segue o fio contracultural e o lado político, e nos questionamos sobre o que aconteceu nos anos anteriores e nos perguntamos “o que se passou?”, para poder refletir criticamente e aprender com os erros, para assim podermos avançar. Até os dias atuais, não tem surgido – ou quando surgem foram mínimos e temporais – bandas, coletivos e publicações anarcopunks. Acreditamos que existe um estigma ao reivindicar isso, dado que o anarcopunk sempre se manteve e segue uma línha de crítica, de ruptura e no lado político: a revolução mundial e o lado antagonista da luta dxs oprimidxs contra xs opressorxs. Talvez este lado reflita alguma seriedade ou radicalidade, assim como pelo lado da libertação animal que foi tão radical no início do anarcopunk em Lima.

Outro ponto também que foi sendo deixado de lado é a atitude punk, o espírito de luta e de ruptura, que vai perdendo força porque se está caindo no simplismo, na acomodação, no amiguismo, e isto não se pode tolerar. A atitude punk se vê agora refletida na estética ou em simplesmente fazer ruído, e agora quase não interessa a ninguém a leitura dos zines, quase ninguém toma iniciativa para escrever, muitxs nem se questionam sobre a realidade e somente a aceitam, não há uma aproximação para perguntar ou questionar… Este lamentavelmente é o panorama atual, mas é melhor dizer a verdade, embora seja dura, do que tentar ocultá-la com falsos depoimentos. Tudo isso não deve nos desmoralizar, pelo contrário, deve dar elementos para seguir em pé de luta.

Agora se vêem individualidades, pequenos grupos e um coletivo, que tentam manter uma regularidade nas feiras de difusão, em um local na rua que temos chamado de “Espaço Anarcopunk”, e sempre convidamos a galera pra que cheguem com suas feiras de materiais para compartilhar momentos de fraternidade: entre risos, solidariedade, comida sem sofrimento animal, conversas e mais… Além disso nestes ultimos 3 anos também houve algumas bandas muito interessantes mas que duraram pouco tempo, como Ratio Mortis, Salvaje Existencia, Antiauthority, Misantropia, e outras que talvez esquecemos, e assim também ainda há um par de bandas que seguem ativas mas que tocam pouquíssimas vezes, como Negación, Campos de Exterminio, Conflicto e Instinto de Rebelión. Também há um centro social de um grupo de compas chamado LA MALEZA, que não é propriamente anarcopunk mas que tem algumxs dxs integrantes que se reivindicam parte desta contracultura, e também apóiam e participam ativamente da luta pela libertação animal e humana.

Anarcopunk.org | Falem sobre a trajetória da banda CONFLICTO, que materiais produziram até hoje e quais são os próximos projetos?

Orgap-Lima / Conflicto | Conflicto se formou aproximadamente em 2008. A formação começou com David Nois na bateria e Miguel Ner@ na guitarra e voz, e poucos meses depois se uniu Bryan Fox na guitarra, ficando Miguel com o vocal. Assim gravamos nossa primeira demo (2009) que foi um 3 Way Split (Total Distopia, Clase Obrera e Conflicto) chamado “…Los Gritos De Ahora Contra L@s Enemig@s de Siempre…”. Na segunda demo (2012) Fox deixou a banda por um tempo determinado para resolver questões pessoais e prioritárias, e assim gravamos (Nois e Ner@) o segundo material benéfico para a IAP (Internacional Anarco Punk) com o nome “…Nos deben una Vida…”. Já nesta última demo (2014) agora completos com os três, gravamos o material beneficente para o Encontro Internacional Anarcopunk em Chiapas-México, “Anarcopunks Contra El Capitalismo”, sendo as três gravações beneficentes, a primeira para a cena local e as duas seguintes para o EIAP.

Conflicto é um grupo anarcopunk (portanto político), e para nós o nome é um chamado para a ação coletiva, organizada e consciente de todxs xs exploradxs do mundo, expressado no descontentamento com a miséria, a exploração, a alienação e toda esta miséria de vida. É o chamado também a reapropriação da história de luta, da continuidade propagandistica e teórica, dos princípios morais e organizacionais, das aquisições e posições revolucionárias, tudo isso intrinsicamente unido com o

ressurgir subterrâneo da consciência de luta associada com uma transformação a nível mundial, que rompa com as correntes da ordem estabelecida para assim podermos nos apoderar de nosso próprio destino. O conflito que reivindicamos é o conflito de classes: oprimidxs // opressorxs, para assim podermos nos dar conta de qual panorama atual estamos situados e quais são as perspectivas de poder enfrentar a barbárie do modo burguês de produção e seguir no longo caminho da revolução e abolição das classes sociais.

Segundo, não consideramos a Conflicto como uma banda musical ou de artistas, apenas somos anarcopunks que tentam passar uma mensagem de unidade, ação, compromisso e organização, nossa visão é política porque nossas vidas são políticas, e as vias de perguntas ou buscas de respostas e questionamentos são isso: políticas e de transformação. Os próximos projetos são gravar um split com uma banda parceira anarcopunk da Costa Rica, Enemig@s del Enemigo, e logo uma demo com 4 músicas para uma causa beneficente e solidária, e por último uma discografia com uma edição especial que já estamos vendo mais adiante.

Anarcopunk.org | Como vêem atualmente a rede de contatos e movidas anarcopunks internacional? O que conseguimos fazer no sentido de organização e quais são as perspectivas que vocês vêem?

Orgap-Lima / Conflicto | Há alguns anos atrás os contatos dentro do anarcopunk em nível internacional decaiu, assim como o próprio anarcopunk, e isto a partir de muitos fatores que em outra oportunidade podemos falar, já que é muito extenso explicar, mas que na primeira pergunta demos alguns pontos centrais. Pois bem, dentro do que é a Internacional Anarco Punk se mantiveram alguns contatos em diferentes países como Uruguai, Brasil, México, Argentina, Peru, muitos países da Europa e EUA, dos quais algumas seguem e outras tem chegado como é o exemplo dos contatos da América Central, onde se realizou o último encontro VIII EIAP na Costa Rica. Sem esquecer também compas de El Salvador, Nicaragua e Guatemala que vem se organizando, e isto é positivo pois a intenção é que sigam surgindo contatos e se contagiem com este espírito de luta, e que este vírus de nos agrupar e reunir torne vivo o trabalho coletivo e que se molde em cada atividade que seja realizada…

Acreditamos que neste sentido a IAP tem tido um papel importante, digamos assim, já que atraves dela se pode fazer muitos encontros internacionais para nos conhecer e compartilhar experiências em todo sentido da palavra, e é esta a intenção com a qual se vem trabalhando o anarcopunk como uma unidade, um compromisso, ação, e um chamado a se organizar.

As perspectivas podem ser positivas, isto depende dxs próprixs anarcopunks, sempre incentivando o debate, sendo criticxs, colocando sem temores suas posições e dúvidas. Aqui ninguém é donx da verdade, não há comparações e nem líderes por alguém ser mais velhx ou mais intelectual, detestamos isso. Nossa visão é um trabalho associado onde todxs compartilhamos, todxs nos esclarecemos e aprendemos umxs com xs outrxs. Chamamos xs compas a se organizarem, a ler além dos zines, a fazer da teoria uma ação, e acender a chama da revolução.

Queremos também dizer que pouco ou nada sabemos do anarcopunk no Velho Mundo: Europa, Ásia, África e Oceania, há que se criar redes de comunicação. Sabemos que existem, mas desconhecemos suas atividades e suas formas de desenvolve-las, e agora mais do que nunca devemos estabelecer comunicação com anarcopunks de todo o mundo, já que em muitos lugares – diga-se na América Latina – está se caindo na prática de fazer apenas ruído e carregar uma estética superficial e nula. Não esperemos que o anarcopunk termine sendo apolítico, sem perspectivas e sem futuro, isto seria lamentável, mas é onde a ideologia do capitalismo vem nos empurrando sem nos darmos conta.

Anarcopunk.org | Em nossas movidas, contextos diferentes necessitam de diferentes formas de fazer as coisas e de se organizar, e nenhuma dessas formas é melhor ou pior do que a outra, são apenas distintas respostas a distintas realidades de vida e luta. Qual é a importância que vocês vêem na diversidade de táticas e respeito a isto em nossas movidas?

Orgap-Lima / Conflicto | Devemos respeitar todas estas lutas que existem sempre e quando não se vendam nem caiam nas armadilhas do esquerdismo, mas a todas elas dizemos que contra quem lutamos e o único culpado de nossa miséria de vida é o CAPITALISMO. Para nós a luta dxs despossuídxs é a luta de classes, é a luta que nossxs antepassadxs forjaram, morreram por lutar por uma mudança social, e nos resta continuar a luta, a luta do proletariado contra a burguesia.

Também é necessário dizer que as distintas formas de fazer as coisas para a ação de propaganda se mantenham no DIY, e não em supostos apoios ou aproveitamento de financistas de Ongs, partidos, frentes e municipios culturais de sua região, que por fim são financiados pelo governo. Enquanto tudo seja honesto e tenha um propósito de solidariedade e apoio mútuo é bem-vindo, mas quando não há os princípios do faça-você-mesmx, resta denunciar abertamente como representantes do estado e sua asquerosa cultura, ou seja, uma acomodação à suja democracia. Que nojo nos dão esses enormes festivais com bandas que já se renderam há muitos anos, mas que atualmente são financiadas pelo setor cultural das regiões e países onde vão. Nos dá nojo também porque cooptam adolescentes como delegadxs ou portavozes de seus planos ideológicos, com o fim de manter xs jóvens e velhxs punks em um círculo de apatia e acomodação, e inclusive muitxs incitando que apóiem este ou aquele partido, tudo isso é uma merda completa que devemos denunciar bruscamente… sem ruptura, nem conflito, nem vivência não existe o punk.

Anarcopunk.org | O punk em cada localidade tem distintas formas de fazer as coisas e de se expressar. Na América Latina há um contexto histórico de ditaduras, repressão policial, extermínio de povos indígenas, problemas econômicos e sociais e outras questões, e nesse contexto a movida anarcopunk latina sempre teve uma cara muito combativa. Como vêem o punk na América Latina? Vocês acham que existe algo característico e próprio de nossas realidades?

Orgap-Lima / Conflicto | Assim como você colocou, em cada lugar o punk se desenvolve de diferentes maneiras de acordo com seu contexto social, e sempre teve este espírito de lutar, de levantar sua voz de protesto e gritar furiosamente seu inconformismo ante às injustiças onde surgem geograficamente. Porém sobretudo nestes últimos 30 anos, aproximadamente, quando o capitalismo está em sua fase decomposta (a elevação mais ampla de suas contradições), vemos com maior ênfase que a luta só se centra e fica nas lutas de sua própria região, fechando-se em seu país e impossibilitando ver mais além do localismo, concedido amavelmente por sua região e as burguesias nacionais. Embora isto soe duro, companheirxs, cair nas lutas localistas é cair no sentimentalismo e acomodação da ideologia da classe dominante, porque vemos simplesmente as características imediatistas de nosso “circuito nacional”, escapando à essência da luta internacionalista a que teme a burguesia mundial; que é a emancipação organizada de todxs xs oprimidxs a nível mundial pela revolução internacionalista rompendo as fronteiras e apoderando-se de seu próprio destino para a futura continuidade de viver em comunidade humana mundial, sem exploração, sem nações, sem dinheiro, sem guerras, sem classes sociais, sem estado e sem nenhuma ação baseada na mercadoria e no trabalho assalariado.

Dizemos que a luta é mundial, porque todxs vivemos a opressão, em todo o mundo de canto a canto, desde que nascemos até quando deixamos de existir, porque nossa vida está cravada em uma relação social de exploração (mesmo que tente ser o máximo isoladx ou independente) e a única forma de subverter estas condições é abolindo essa relação mercantil e lançando a proposta de uma relação verdadeiramente humana em conexão com a natureza como sempre o foi, mas que se perdeu quando surgiram as classes sociais…

A América Latina tem tido esta particularidade do apoio às lutas indígenas, camponesas, e a todxs que sejam oprimidxs pelas forças de repressão do capitalismo globalizador. O punk sempre saiu para dizer e fazer algo, exemplos há muitos, como México, Brasil, Chile, Peru, para citar alguns. Ante a tais acontecimentos damos nossa posição crítica que continua com o que foi dito linhas acima. Muitas vezes o apoio a estas lutas ocorre de maneira superficial e sem um aprofundamento quanto às consequências que podem trazer ou onde se possa levar. Muitas vezes (a grande maioria ao que parece) este nosso apoio se dá porque nos sentimos impotentes e nos corroe um sentimento de raiva ao ver tantas injustiças, ao ver milhões de camponesxs e nativxs arrasadxs pelo agravamento deste modo burguês de produção, e isso nos faz atuar sem analisar o coração do assunto.

Por exemplo, há muitos casos, em grande maioria, em que quando se apóia todas estas lutas de libertação nacional de milhões de camponesxs e nativxs que lutam por seu produto nacional, a terra e as parcelas que lhes pertencem, na verdade não estamos lutando contra o inimigo das causas profundas de toda a miséria mundial, o que se está fazendo é entrar em uma luta inter-burguesa, no sentido que é um conflito de pequenos e grandes produtores (onde camponesxs e indígenas são carne de canhão), onde reluz o regionalismo, o amor a sua propriedade e a setorização localista de defender o produto nacional e rechaçar o outro. Acreditamos que ambas propostas, tanto os exploradores nacionais e internacionais são exploradores em si, e são parte de uma classe baseada na extradição de sua vida, e este jogo regionalista, localista e nacionalista o expressa muito bem (como parte de sua ideologia) para assim dividir xs exploradxs do mundo em bandos e inimigxs entre si, Acreditamos que a luta pela abolição é a luta frontal contra o capitalismo mais além de suas formas.

Também é preciso ver que as lutas de libertação nacional, as guerrilhas, os sindicatos, as frentes populares, os partidos e demais ações de esquerda expressadas antes e depois da 2a guerra mundial são muitas vezes expressões sem porvir e todas elas foram uma trava para a consolidação organizativa e autônoma dxs exploradxs a nível mundial. Não nos esqueçamos também que muitxs dxs burguesxs que estão nos congressos e em boas posições no estado saíram das lutas de libertação nacional, de apoio a nativxs, indígenas e camponesxs, e que souberam aproveitar esses momentos, com sua linguagem sentimentalista baseada na marginalidade e pobreza para lançar candidaturas e cargos em suas regiões e então seguir na mesma lógica.

Agora nestes últimos tempos vemos como o CNI (congresso nacional indigena) e o EZLN (exército zapatista de libertação nacional) enviaram uma candidata para as eleições presidenciais no México. Para a modificação radical, em muitos aspectos economicos prioritariamente, sem dúvida enquanto anarcopunks e internacionalistas rechaçamos totalmente esta luta supostamente autônoma dos zapatistas, para nós o parlamentarismo, a via eleitoral, o direito democrático direto ou indireto, são todos aspectos ideológicos e políticos da burguesia e que não tem nada a ver com uma proposta revolucionária e autônoma.

No Peru a luta dxs camponesxs e indígenas já tem representantes no congresso da república, outrxs seguem as vias ilusórias do maoísmo de lutas do campo a cidade, também há dirigentes anti-mineiros que são parte do governo regional ou algumxs representantes indígenas que agora são intermediárixs entre as comunidades e o governo, e estes e muitos exemplos da realidade nos convidam a questionar o inquestionável e não só nos guiar por visões imediatas que as vezes são ganhadas pelo sentimentalismo. Nós sempre demos nosso ponto de vista crítico que aprendemos com o punk, ao menos o punk político que valorizamos e seguimos, a visão é mundial, a luta é uma só, oprimidxs contra opressorxs, sem representantes nem dirigentes, nem ninguém que queira manipular. Seguimos reivindicando o anarcopunk como uma contracultura que ao menos tem como meta a revolução mundial e este ponto é e seguirá sendo valioso para a luta dxs oprimidxs.

Com o que expomos aqui não buscamos atacar ninguém, nem enfrentamentos pessoais, pelo contrário, como banda e coletivo convidamos a uma reflexão conjunta, onde possamos discutir e viver um debate apaixonado para ver as coisas com mais nitidez. Como anarcopunks somos políticos, e não competidorxs ou imponentes de nossa posição, somos companheirxs críticos, já que isso é o ar que nos dá vida para seguir no rumo da luta revolucionária.

Como diziam algumxs anarcopunks por aqui, a terra, os frutos, a natureza e demais meios de produção não pertencem nem a um grupo elitista, nem a um setor midiático, tudo isso é parte inerente da comunidade humana mundial.

Anarcopunk.org | Valeu manxs! Deixem aqui seus contatos e links, abraços e resistência anarcopunk!

Orgap-Lima / Conflicto | Valeu você por nos dar este espaço, terminamos dizendo que o anarcopunk não é a verdade absoluta, não é superior ao punk, não é vanguarda, nem tampouco somos “amargopunks”. Somos um lado político do punk (e isso não nos faz superiores ou inferiores, apenas temos um projeto sério e internacional). Valorizamos sua contracultura, sua forma de expressão, sua arte contestadora, suas formas de se organizar, mas antes de tudo somos conscientes de que não vivemos em uma ilha, vivemos neste mundo e em um sistema de merda, onde temos que vender nossa força de trabalho para sobreviver e não nos referimos necessariamente a ter um trabalho assalariado. Queremos convidar para reflexão e a nos questionarmos contra quem lutamos? E porque lutamos? Pela liberdade individual ou coletiva? Para não ter chefes nem autoridades? Para nós a luta de todxs é pelo futuro, é pelo amanhã de um mundo sem fronteiras, sem miséria, sem nações, nem dinheiro, onde todos e todas sejamos irmxs e se viva uma autêntica relação social de confiança e solidariedade. Acreditamos que esse é o futuro da humanidade. Uma comunidade mundial, que é redondamente o oposto de todos os objetivos reformistas.

Dentro do coletivo Orgap-lima temos também uma distribuidora Anarcopunk Distro, e também o zine Voces De La Revuelta (com 4 números) e um boletim chamado Subversión (com 10 números).

Esperamos que não tenhamos sido cansativos com esta entrevista, mas é o que pensamos. Esperamos por perguntas ou críticas ao que dissemos, para nós é gratificante entrar em um diálogo ou debate. Queremos saudar enormemente a todxs xs anarcopunks do mundo, sabemos que não estamos sós, somos muitxs nesse planeta! Também fazemos um chamado a todxs xs punks e as novas gerações que vem surgindo, para que não acreditem em tudo o que vêem ou o que falam, sempre se questionem, critiquem, perguntem, formulem suas dúvidas. Rechacem essa visão em que o punk caiu, de não se ver nada além de barulho e estética – chamamos a que se organizem, formem coletivos, escrevam, leiam, e não tenham medo de dizer algo, apenas façam sem medo de errar e se pudermos apoiar faremos isso com muito gosto. Terminamos dizendo que o punk e anarcopunk é muito mais do que simples barulho, é atitude, é ruptura, é luta, é honestidade, é companheirismo.

Anarcopunks contra o capitalismo // Ação e resistência anarcopunk

Se quiserem entrar em contato podem escrever que responderemos com vontade!

acrata1978@hotmail.com , autocriticxya@hotmail.com

Orgaplima /conflicto

(David nois, Miguel ner@, Bryan fox)

Julho de 2017